Os morcegos podem ser pragas por infestação ou proliferação da espécie hematófaga, que prejudica os rebanhos. Mas podem ser criaturas do bem. Veja como!
Os Morcegos habitam o imaginário das populações de todo o mundo por dois personagens clássicos das histórias e do Cinema: o super-herói Batman e o grande vilão Drácula, humanos transmutados em morcegos.
E quando olhamos essas duas personalidades, conseguimos ver o bem e o mal na mesma espécie e isso é o que acontece com esse animal no dia a dia: pode ser extremamente benéfico à natureza e ao homem e outros animais e ao mesmo prejudicá-los.
Nos dois casos, é preciso entender muito bem a dinâmica desse animal e saber como lidar com ele, especialmente nas áreas rurais, onde ele tem uma população muito maior.
Mas é importante lembrar: essa espécie, assim como os pombos (link para Pragas – Pombos), é protegida por lei. Dizimar morcegos é ilegal e pode render um crime inafiançável.
Dessa forma, devemos sempre buscar meios de convivência pacífica, limitando a atuação deles para preservar propriedades e rebanhos, mas também cientes do papel fundamental que eles têm para crescimento de vegetação e o controle de pragas muito mais danosas ao ser humano.Para ajudar a entender esse desafio, vamos falar de 10 fatos sobre Morcegos que ajudam a conhecer e prevenir-se dessa praga!
1 – Morcegos: verdadeiras máquinas de voar!
Sabemos que a natureza é extremamente rica em espécies que desafiam a nossa compreensão de como elas foram criadas e seus mecanismos. Os morcegos certamente são uma delas. E o que destaca a espécie é a surpreendente capacidade de voo.
Para começar, é o único mamífero que voa, existem esquilos voadores e outros animais, mas somente o morcego é capaz de levantar voo, fazer longos trajetos e manter-se no ar controladamente.
É capaz de voar em movimentos erráticos de alta velocidade e por isso se tornam muito difíceis de ser alcançados pelos predadores – e que são poucos, justamente por causa disso.
A envergadura de suas asas é outro ponto importante para seus voos; a raposa-voadora, considerada a maior espécie existente, pode chegar a dois metros entre as pontas das asas.
Como são animais noturnos e para se precaver de inimigos, eles contam com um sistema de navegação único na natureza: a emissão de ondas ultrassônicas pelas narinas e pela boca.
Dessa forma, ele usa a ecolocalização: a onda propagada bate em obstáculos e volta como eco, o animal capta e, conforme o comprimento e o ângulo, ele saberá a que distância e posição está o objeto à frente. E tudo em questão de microssegundos.
Além de se posicionar no voo a partir das respostas das ondas, o sistema é fundamental para caçar insetos voadores.Essa é uma vantagem competitiva grande para os morcegos, pois eles podem se locomover muito bem na escuridão, alcançar presas e desviar de ameaças muito antes de um possível choque.
2 – Habitat dos morcegos
Por serem animais noturnos, os morcegos vivem em cavernas, grutas, buracos de árvores e formações rochosas onde possam se esconder durante o dia para sair de noite e procurar alimento.
Porém, com o avanço das comunidades em direção às matas e florestas, foi inevitável que humanos e morcegos se aproximassem. Dessa forma, a espécie descobriu novos habitats – porões, sótãos, garagens, estábulos, celeiros e especialmente os espaços entre forros e telhados.
Ali, eles podem constituir colônias com centenas de milhares de indivíduos – em algumas cavernas nos Estados Unidos chegam a três milhões.
Quando estamos perto de uma colônia, a visão no final de tarde, quando começam a sair para procurar alimento, pode ser impressionante e assustadora: são revoadas que chegam a bloquear a iluminação natural em algumas regiões.
3 – Por que os morcegos dormem de cabeça pra baixo?
Essa é outra característica única e incrível desse animal e que desafiam a nossa visão de mundo, mas que tem alguns motivos interessantes.
Mantém o equilíbrio durante o descanso
Pela própria formação física, um morcego tem asas que são leves mas com grande envergadura e o restante do corpo vai afinando em relação à cabeça.
Dessa forma, o centro de gravidade dele é completamente diferente e dormir de cabeça para cima seria um problema para eles.
Aumenta a reposição de energia durante o descanso
O sistema circulatório funciona de uma forma diferente dos humanos; o fato de estar ponta-cabeça ajuda a distribuir o sangue por todo o corpo igualmente. Dessa forma, ele estará com mais energia para iniciar seu voo.
Dá mais segurança durante o descanso
Pela constituição física, em que as patas traseiras são curtas demais para dar velocidade em pouco tempo para fugir de ameaças, as asas são preparadas para alçar voo diretamente a partir do chão.
A posição invertida, portanto, ajuda a alargar o voo mais rapidamente caso seja necessário, o que não seria possível se dormissem de cabeça pra cima nas árvores ou pedras.
4 – Quais os principais alimentos dos morcegos?
A dieta de um morcego é muito diversificada para a grande maioria das espécies, que se dividem conforme o que comem:
- Morcegos frugívoros: frutas, pólen e néctar das flores;
- Morcegos insetívoros: baratas, aranhas, besouros, grilos, gafanhotos e outros;
- Morcegos hematófagos: se alimentam de sangue de bois, cabras, cavalos e outros.
Como os morcegos se alimentam de sangue?
A espécie hematófaga possui duas substâncias na saliva, uma anticoagulante e outra anestésica, e dois dentes incisivos muito afiados.
Tudo isso é o bastante para atacar um cavalo, lamber o sangue por um bom tempo, sem que a vítima ofereça resistência e sinta dor. Mas não se alimentam de sangue humano.
Ao contrário do que o senso comum imagina – talvez pela memória no Conde Drácula – ele não chupa o sangue, mas lambe e a quantidade consumida é muito pequena, não chega a prejudicar a saúde do animal atacado.
5 – Quais as principais espécies de morcegos?
Os morcegos são uma das classes animais com a maior variedade de espécies no mundo, com mais de mil e duzentas catalogadas até o momento.
Representam nada menos do que vinte por cento da população mundial de mamíferos e estão presentes em todos os lugares do mundo, exceto as regiões mais frias.
No Brasil, existem 137 espécies diferentes e apenas três se alimentam de sangue – são as mesmas que habitam apenas as Américas.Importante ressaltar que os hematófagos vivem em áreas de florestas e matas e só se aproximam do ser humano por causa do crescimento desordenado das cidades.
6 – Quer controlar pestes e replantar? Tenha morcegos!
Como vimos, a principal alimentação dos morcegos, até mesmo os hematófagos, são as mais variadas espécies de insetos. Não há praga que escape de um indivíduo faminto, principalmente porque todas são noturnas e a escuridão é aliada dele.
Calcula-se que um insetívoro adulto pode comer cerca de seiscentos insetos por hora – o que os transforma na maior máquina dedetizadora que o ser humano pode ter sem o risco de usar produtos tóxicos!
Além disso, o fruto ajuda a reflorestar e nascer plantações ao deixar cair sementes no solo. Em algumas regiões, muitas espécies de árvores dependem exclusivamente deles!
Colônias próximas a plantações costumam ser bem-vindas por esse motivo. Mas calma: não vamos sair pelas matas caçando morcegos e criá-los para dizimar as baratas ou semear o solo! Esse deve ser um processo natural.
Se já existem indivíduos (que não se alimentam de sangue), a quantidade não é grande e se você conseguir evitar que eles invadam casas, sótãos, estábulos e porões, a convivência poderá ser pacífica: eles são noturnos e farão o serviço sujo para você!
7 – Quais são as doenças transmitidas pelos morcegos?
Os morcegos são hospedeiros de uma grande quantidade de vírus, parasitas e bactérias que causam doenças. Isso se deve basicamente à dieta deles, onde parte é formada por insetos que igualmente são vetores de males, como as baratas (link para Pragas – Baratas).
Vamos destacar duas doenças para as quais os cuidados de prevenção devem ser grandes:
Histoplasmose
Se você já leu nosso artigo sobre pombos, certamente lembrará dessa doença; ela é transmitida por fungo (histoplasma capsulatum) e se transmite da mesma forma.
O fungo é expedido constantemente nas fezes dos morcegos. Ao manuseá-las secas, o pó fino (com o patógeno) pode ser inalado. Dessa forma, o vetor irá para os pulmões, desencadeando a doença.
A forma menos agressiva da histoplasmose # – a pulmonar aguda – provoca febre, perde de apetite, dores musculares, no peito e de cabeça fortes, calafrios, tosse seca e falta de ar. Nas formas crônica e disseminada, os quadros são muito mais graves.
Em todos os casos, é importante procurar o atendimento médico imediatamente. Na forma aguda, até o tratamento pode ser dispensado, mas nas demais modalidades, o doente receberá antifúngico para dizimar o patógeno e evitar que ele atinja órgãos vitais e leve à morte.
Raiva
Essa é uma doença bastante conhecida pela transmissão que pode se dar de cães e gatos para seres humanos. Mas o morcego é um importante hospedeiro do pelo vírus do gênero lyssavirus #.
Os sintomas são mal-estar geral, cefaléia, febre moderada, dor de garganta, náuseas, entorpecimento, sensação de angústia, inquietude, irritabilidade e alteração de comportamento. Na evolução para a forma mais grave, ocorrem espasmos, delírios, febre alta e convulsões.
Ainda hoje, a raiva é uma das doenças de maior índice de letalidade, podendo chegar a 100% facilmente se não houver atendimento médico rápido na região para o tratamento conhecido – indução ao coma, antivirais e outros medicamentos.
Mesmo assim, o risco de morte é alto.
08 – Como podemos evitar as doenças transmitidas pelos morcegos?
O contato com o ser humano para transmitir doenças não é comum, como acontece com outras pragas domésticas. Basicamente, podemos contrair doenças transmitidas por ele de três formas:
- Contato com as fezes do animal
- Manuseio e/ou consumo de alimentos com secreções
- Mordida
As duas primeiras hipóteses, infelizmente, são comuns, especialmente nas áreas rurais, quando a espécie herbívora ataca frutos que podem ser tocados ou consumidos por seres humanos com a secreção do animal.
A terceira hipótese ocorre em rebanhos bovinos e caprinos que são atacados por ela para se alimentar de sangue e acabam transmitindo a raiva.
Como podemos ver, as formas de contágio podem ser perfeitamente controladas com cuidados de higiene e de convivência:
- Retirar as fezes usando luvas descartáveis, lavar bem o local e descartar em sacos plásticos resistentes;
- Não consumir alimentos com suspeita de ataque de morcegos, principalmente frutas;
- Criar condições de convivência que afastem ao máximo a espécie das residências ou locais de grande concentração de pessoas;
- Evitar andar à noite por locais que tenham colônias.
Outro cuidado importante é observar indivíduos próximos demais do ser humano, o que não é um comportamento normal, principalmente de dia.
Eles podem estar com raiva, pesados, desorientados e se tornam agressivos a qualquer aproximação ou toque. Afaste todas as pessoas dele e procure imediatamente um órgão ambiental para fazer a captura. Nesse artigo (link para artigo 187 121 – Dicas para afastar morcegos), damos uma série de dicas domésticas e simples para afastar os morcegos da sua casa.
9 – Como podemos exterminar os morcegos?
A primeira resposta é: não podemos dizimar os morcegos e por ótimos motivos:
- Existe uma lei ambiental que protege a espécie;
- São polinizadores e semeadores da natureza;
- São fundamentais para o controle da população (e infestação) de pragas como as lagartas (link para Pragas – Lagartas).
Existem inúmeras formas naturais de obrigar os morcegos a procurar outro lugar para viver e se alimentar, sem prejudicar a saúde da espécie.
Uma das mais interessantes é criar um local com condições interessantes de vida para eles e totalmente afastado da rotina das pessoas, animais domésticos e rebanhos.
Como falamos anteriormente, os morcegos são animais noturnos por excelência e portanto, se encontrarem um habitat seguro e com alimento para buscar à noite, dificilmente serão uma ameaça ao ser humano.
10 – E se nada der certo para controlar a infestação de morcegos?
Os morcegos são animais extremamente inteligentes e, como vimos antes, são verdadeiras máquinas quando o assunto é a forma de lidar com os ambientes – voo, alimentação, repouso, autodefesa.
Portanto, as medidas mais domésticas de controle e afastamento podem surtir efeito e os bandos, de um dia pro outro, mudarem de local e voltar à moradia anterior – e em maior número!
Se as tentativas caseiras não derem certo, o ideal é buscar ajuda nas empresas que fazem o desalojamento de morcegos.
Elas dominam várias técnicas e produtos que podem resolver o seu problema com os riscos e os transtornos de uma infestação.
Como podemos ver nesse artigo, os Morcegos podem se tornar uma praga, causando transtornos para plantações de frutas, invadindo espaços residenciais e até mesmo atacando animais, como é o caso da espécie hematófaga.
É preciso encontrar soluções que afastem os bandos das residências e áreas de movimento de pessoas, para evitar contato e doenças, sem que isso represente um risco para um animal que tem uma importância muito grande para a natureza.
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